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Educação Financeira Para Crianças: Semear Para Colher

Educação Financeira Para Crianças: Semear Para Colher

07/11/2025 - 14:12
Marcos Vinicius
Educação Financeira Para Crianças: Semear Para Colher

Num país onde milhões estão bancarizados, o grande desafio ainda é formar cidadãos conscientes e preparados para lidar com o dinheiro.

Panorama Atual no Brasil

O Brasil vive um momento de avanços na bancarização, com mais de 200 milhões de bancarizados. Ainda assim, há uma lacuna profunda quando o tema é o letramento financeiro desde cedo.

Em 2020, somente 21% dos brasileiros de classes A, B e C relataram ter tido educação financeira na infância, mesmo com fácil acesso à internet. Além disso, 55% da população considera ter pouco (40%) ou nenhum (15%) conhecimento sobre finanças, apesar de reconhecer sua importância.

Desafios e Oportunidades

O endividamento atinge 78% das famílias brasileiras, e em agosto de 2025 cerca de 71,7 milhões estavam inadimplentes, um crescimento de 9,2% em relação a 2024. A falta de planejamento emerge como uma das principais causas desse quadro. Entre jovens de 18 a 30 anos, 47% não fazem controle de gastos, apesar de 65% contribuírem para o sustento familiar.

Esses dados indicam o grande espaço para intervenção: ensinar desde cedo a administrar recursos pode reverter tendências perigosas, reduzindo riscos de dívidas e apostas impulsivas.

A Importância do Envolvimento dos Pais

Embora 85% dos pais afirmem transmitir a relevância de uma vida financeira saudável, muitos enfrentam dificuldades práticas. Cerca de 67% já tiveram o nome sujo e 66% deixaram de pagar contas básicas em dia. Ainda assim, 68% consideram a escola essencial para esse aprendizado, e 65% reconhecem a internet como canal valioso.

  • 56% dos pais afirmam que a escola não ensina educação financeira.
  • 39% dos pais concedem mesada, mas 61% não usam essa ferramenta.
  • 72% não fazem poupança ou investimentos para os filhos.
  • 7 em cada 10 pais desconhecem contas digitais e cartões para crianças.

Essa disparidade entre intenção e prática mostra a necessidade de ações conjuntas entre família, escola e iniciativas do terceiro setor.

Benefícios Comprovados e Resultados Concretos

Instituições como o Banco Central e pesquisadores já comprovam resultados positivos quando o tema chega a crianças e jovens.

Alunos que recebem educação financeira desenvolvem fundos de reserva, entendem juros, parcelas e riscos de dívidas, e passam a organizar suas finanças com planilhas e ferramentas digitais. O aprendizado prático, por meio de simulações, aumenta a retenção e estimula competências comportamentais essenciais para o futuro.

Projetos e Iniciativas de Impacto

No Brasil, plataformas e negócios de impacto mostram como é possível levar educação financeira de forma lúdica e eficaz.

  • TD Impacta: reúne Tesouro Direto, B3 e Artemisia para apoiar negócios voltados à educação financeira.
  • Tindin: simula decisões cotidianas e pretende alcançar mais de 40 mil estudantes, com indicadores baseados em PISA e OLITEF.
  • Mooney: já impactou 35 mil alunos e capacitou 3 mil professores, usando jogos de cartas alinhados à BNCC.

O progresso na implementação escolar é visível e crescente:

Em 2025, a disciplina de educação financeira tornou-se uma das mais procuradas pelos alunos, integrando também o EJA e o ensino médio noturno.

Boas Práticas para Implementação em Casa

  • Estabelecer objetivos claros: poupar para um brinquedo ou passeio.
  • Utilizar mesada progressiva: combinar tarefas com valores para incentivar responsabilidades.
  • Simular orçamento familiar: apresentar as receitas e despesas da casa em linguagem acessível.
  • Incentivar o uso de cofrinhos e contas digitais para crianças maiores.
  • Promover jogos e desafios: desafios mensais de economia tornam o aprendizado divertido.

Caminhos para o Futuro

Para transformar esse cenário, é urgente avançar em três frentes: tornar a educação financeira obrigatória nas escolas, capacitar professores e envolver famílias com ferramentas práticas.

Projetos de lei em tramitação no Senado (PL 5.950/2023 e PL 1.510/2025) propõem incluir o tema como disciplina obrigatória. A sociedade tem papel ativo: 52% dos brasileiros demonstram interesse em participar de iniciativas, e 11% consideram a possibilidade.

Mais do que conhecimento, tratamos de competências para a vida. Semear o entendimento sobre dinheiro desde cedo é plantar segurança, autonomia e esperança. Cada ação hoje gera frutos no amanhã, e juntos podemos colher um futuro mais próspero e responsável para nossas crianças.

Marcos Vinicius

Sobre o Autor: Marcos Vinicius

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