Num país onde milhões estão bancarizados, o grande desafio ainda é formar cidadãos conscientes e preparados para lidar com o dinheiro.
O Brasil vive um momento de avanços na bancarização, com mais de 200 milhões de bancarizados. Ainda assim, há uma lacuna profunda quando o tema é o letramento financeiro desde cedo.
Em 2020, somente 21% dos brasileiros de classes A, B e C relataram ter tido educação financeira na infância, mesmo com fácil acesso à internet. Além disso, 55% da população considera ter pouco (40%) ou nenhum (15%) conhecimento sobre finanças, apesar de reconhecer sua importância.
O endividamento atinge 78% das famílias brasileiras, e em agosto de 2025 cerca de 71,7 milhões estavam inadimplentes, um crescimento de 9,2% em relação a 2024. A falta de planejamento emerge como uma das principais causas desse quadro. Entre jovens de 18 a 30 anos, 47% não fazem controle de gastos, apesar de 65% contribuírem para o sustento familiar.
Esses dados indicam o grande espaço para intervenção: ensinar desde cedo a administrar recursos pode reverter tendências perigosas, reduzindo riscos de dívidas e apostas impulsivas.
Embora 85% dos pais afirmem transmitir a relevância de uma vida financeira saudável, muitos enfrentam dificuldades práticas. Cerca de 67% já tiveram o nome sujo e 66% deixaram de pagar contas básicas em dia. Ainda assim, 68% consideram a escola essencial para esse aprendizado, e 65% reconhecem a internet como canal valioso.
Essa disparidade entre intenção e prática mostra a necessidade de ações conjuntas entre família, escola e iniciativas do terceiro setor.
Instituições como o Banco Central e pesquisadores já comprovam resultados positivos quando o tema chega a crianças e jovens.
Alunos que recebem educação financeira desenvolvem fundos de reserva, entendem juros, parcelas e riscos de dívidas, e passam a organizar suas finanças com planilhas e ferramentas digitais. O aprendizado prático, por meio de simulações, aumenta a retenção e estimula competências comportamentais essenciais para o futuro.
No Brasil, plataformas e negócios de impacto mostram como é possível levar educação financeira de forma lúdica e eficaz.
O progresso na implementação escolar é visível e crescente:
Em 2025, a disciplina de educação financeira tornou-se uma das mais procuradas pelos alunos, integrando também o EJA e o ensino médio noturno.
Para transformar esse cenário, é urgente avançar em três frentes: tornar a educação financeira obrigatória nas escolas, capacitar professores e envolver famílias com ferramentas práticas.
Projetos de lei em tramitação no Senado (PL 5.950/2023 e PL 1.510/2025) propõem incluir o tema como disciplina obrigatória. A sociedade tem papel ativo: 52% dos brasileiros demonstram interesse em participar de iniciativas, e 11% consideram a possibilidade.
Mais do que conhecimento, tratamos de competências para a vida. Semear o entendimento sobre dinheiro desde cedo é plantar segurança, autonomia e esperança. Cada ação hoje gera frutos no amanhã, e juntos podemos colher um futuro mais próspero e responsável para nossas crianças.
Referências